Óbidos uma Romântica Vila Medieval
A vila de Óbidos fica no distrito de Leiria e faz parte da Região de Turismo do Oeste. Esta vila guarda séculos de história dentro das suas muralhas. Possui um vasto património arquitectónico religioso e vestígios históricos monumentais.
É conhecida pelas suas pequenas casas de paredes brancas com listas azuis, amarelas ou vermelhas, telhados em telha mourisca, canteiros e janelas floridas, ruelas e escadarias de belos empedrados, igrejas e vestígios do passado, dentro de uma extensa muralha bem preservada, situada no cimo de uma encosta.
O nome Óbidos deriva do termo latino oppidum, significando «cidadela», «cidade fortificada».
Pela sua excelente localização junto ao mar e com os braços da Lagoa chegaram ao morro, estas terras desde sempre foram habitadas, o que se confirma pela estação do Paleolítico Inferior do Outeiro da Assenta. Aqui se formou um castro Celtibero, voltado a poente. Sabe-se que aqui comerciaram os fenícios, e hoje com mais propriedade que os Romanos aqui se estabeleceram, sendo provável que a torre sul do Facho, tenha tido a sua origem numa torre de atalaia de construção romana, como posto avançada da cidade de Eburobrittium, grande urbe urbana encontrada.
Após conquistada por D Afonso Henriques em 1147, a estrutura foi recuperada e o burgo reabilitado e povoado. Em 1210, foi entregue por D. Afonso II às rainhas de Portugal, passando a ser o local de refúgio e de férias das soberanas nacionais e dos casais régios ao longo da Idade Média e da Idade Moderna. A partir daí, Óbidos floresce e vai sendo sucessivamente enriquecida por obras de arte, devendo-se principalmente às rainhas D. Leonor e D. Catarina. O terramoto de 1755 fez sentir-se com intensidade na Vila, derrubando partes da muralha, alguns templos e edifícios, alterando na construção, alguns aspectos do traçado e do casco árabe e medieval.
A entrada principal do recinto amuralhado da Vila ( Porta da Vila ), é encimada pela inscrição - «A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original» - mandada colocar pelo Rei D. João IV, em agradecimento pela protecção da Padroeira aquando da Restauração da Independência em 1640.
No seu interior encontra-se a capela-oratório de Nossa Senhora da Piedade, Padroeira da Vila, com varandim barroco e azulejos azuis e brancos com motivos alegóricos à Paixão de Cristo, representando a Agonia de Jesus no Horto e a Prisão de Jesus.
O desenvolvimento da malha urbana da vila para sul, deu origem à abertura da chamada rua nova. Actualmente, esta artéria de circulação é designada por rua direita, sendo esta a principal artéria da Vila, é conhecida com esta designação desde o séc. XIV, ligando a porta da Vila ao Paço dos Alcaides. Nos séc. XVI e XVII, as importantes transformações que sofreu esconderam os antigos portais góticos.
Aqui sucedem-se as lojas vendendo recordações da região, desde as rendas e bordados aos licores, não esquecendo a famosa ginjinha de Óbidos, que é ainda mais saborosa quando é bebida num copo de chocolate. Igrejas, bonitas fachadas, janelas manuelinas e vestígios históricos, são uma constante.
Percorrendo as muralhas, e os torreões nelas integrados, podemos admirar toda a paisagem envolvente. De um lado avista-se a magnífica e rica Várzea da Rainha e do outro o vale do Rio Arnóia que corre junto do sopé da colina.
A visitar:
■ Igreja de Santa Maria (Matriz)
Igreja matriz, localizada na praça do mesmo nome, é o principal templo de Óbidos. Embora a tradição faça remontar a sua fundação ao período visigótico, transformada em mesquita no período muçulmano e novamente sagrada por D. Afonso Henriques logo após a conquista da Vila em 1148, o facto de se encontrar fora da primitiva cerca muralhada parece contrariar esta hipótese. Não se conhecendo a data exacta da fundação, é um facto que o priorado da nova igreja foi entregue a S. Teotónio, companheiro de D. Afonso Henriques, grande figura da Igreja e prior do poderoso Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, que teve o padroado da Igreja de Santa Maria até D. João III o ter doado a sua mulher, a Rainha D. Catarina de Áustria. Foi também sede de uma colegiada (comunidade formada por prior e oito beneficiados), suprimida pela legislação liberal em meados do século XIX.
Atingida certamente pelo terramoto de 1535, cerca de 1570 ameaçava ruína, pelo que é imediatamente pensada a sua completa reconstrução. Assim, no dia 15 de Agosto de 1571, dia da Assunção de Nossa Senhora, foi lançada a primeira pedra da nova igreja, com procissão e grande aparato religioso, prosseguindo as obras sob a protecção da Rainha D. Catarina e do Prior D. Rodrigo Sanches, clérigo espanhol, esmoler-mor da Rainha e figura de grande prestígio na corte de Carlos V. Desta campanha resulta a sua configuração actual, com provável risco do arquitecto régio António Rodrigues (Pedro Flor, 2002). Cerca de um século depois, sofre novas obras de beneficiação, por iniciativa do Prior Doutor Francisco de Azevedo Caminha, que redecora a igreja através de um programa artístico de gosto barroco - tecto, azulejos e telas das naves.
■ Chafariz da Vila ou Chafariz de D. Catarina
Este Chafariz maneirista de espaldar, construído no século XVI, possui dias bicas e, antigamente, era alimentado pelo Aqueduto da Usseira. Trata-se de um Chafariz que é composto por um tanque rectangular, com um espaldar, encontrando-se, sobre as bicas, duas lages rectangulares. Sobressai, igualmente, um arco de volta perfeita que contém as armas da rainha D. Catarina de Áustria, esposa de D. João III.
Pelourinho de Óbidos é o “padrão” que simboliza os poderes e autonomia do município. Outrora em frente dos Paços do Concelho manuelinos, foi deslocado para a Rua Direita e centrado com o chafariz da Praça de Santa Maria, aquando das profundas transformações urbanísticas mandadas executar pela rainha D. Catarina de Áustria, mulher do rei D. João III. Construído em granito apresenta em uma das faces o escudo com as armas reais. Na outra o camaroeiro que a rainha D. Leonor doou à vila, em memória de quando os pescadores lhe trouxeram numa rede o filho morto num acidente de caça.
■ Castelo
Não se conhece com exactidão a data da construção do Castelo de Óbitos, mas se crê que é de origem romano e que foi erguido sobre os restos de um antigo castro. Sofreu numerosas reconstruções no decorrer da sua história, durante o domínio árabe e mais tarde ao ser reconquistado pelos cristãos no ano de 1148. Durante o reinado de D. Manuel I foi construído um paço dentro do castelo, este que sofreu fortes danos com o terramoto de 1755, sendo no século XX reconvertido em pousada, considerada a primeira do Estado abriga um edifício histórico. Todo o conjunto é classificado como Monumento Nacional.
■ Igreja de São Tiago
Mandada construir por D. Sancho I, em 1186, possuía originalmente três naves com a entrada principal virada a poente, comunicando assim directamente com o interior do castelo. Era a igreja de uso da Família Real aquando das suas estadas em Óbidos, sendo enriquecida ao longo dos séculos com numerosas obras de arte, de que se destacava a Galeria da Rainha, obra de talha gótica. A igreja foi totalmente destruída pelo terramoto de 1755 e reconstruida em 1772, com a fachada alinhada com a Rua Direita e cabeceira voltada a norte.
Mandada construir por D. Sancho I, em 1186, possuía originalmente três naves com a entrada principal virada a poente, comunicando assim directamente com o interior do castelo. Era a igreja de uso da Família Real aquando das suas estadas em Óbidos, sendo enriquecida ao longo dos séculos com numerosas obras de arte, de que se destacava a Galeria da Rainha, obra de talha gótica. A igreja foi totalmente destruída pelo terramoto de 1755 e reconstruida em 1772, com a fachada alinhada com a Rua Direita e cabeceira voltada a norte.
■ Igreja de São Pedro
Situa-se no Largo de São Pedro, de fundação Medieval, da sua construção inicial conserva apenas os vestígios do antigo portal gótico na fachada. Foi reformada na segunda metade do século XVI, como outras igrejas da Vila, de que subsistem o portal principal classicizante, a capela baptismal à entrada do lado do Evangelho, coberta por uma pequena cúpula reticulada assente sobre trompas concheadas, e a escada helicoidal da torre sineira. Muito afectada pelo terramoto de 1755, destaca-se no seu interior, de nave única, o magnífico retábulo barroco de talha dourada do período joanino. A antiga pintura da tribuna do retábulo - S. Pedro a receber de Cristo as chaves do Céu - de finais do século XVII ou princípios do XVIII (Sérgio Gorjão, 2000), encontra-se actualmente na parede do lado da Epístola. Nesta igreja foi sepultada a pintora Josefa de Óbidos (1630-1684) e o Padre Francisco Rafael da Silveira Malhão (1794-1860), este com lápide evocativa na capela-mor.
■ Sinagoga
Situada na antiga judiaria terá sido o templo de oração hebraica, datando, possivelmente do séc. XIV ou XV. Junto à sinagoga fica a igreja e cruzeiro da Misericórdia. A igreja de arquitectura maneirista e Barroca foi edificada na segunda metade do séc. XVI. Possui um importante recheio artístico destacando-se o portal e o púlpito (ambos de 1596).
Situada na antiga judiaria terá sido o templo de oração hebraica, datando, possivelmente do séc. XIV ou XV. Junto à sinagoga fica a igreja e cruzeiro da Misericórdia. A igreja de arquitectura maneirista e Barroca foi edificada na segunda metade do séc. XVI. Possui um importante recheio artístico destacando-se o portal e o púlpito (ambos de 1596).
■ Cruzeiro da Misericórdia
Este cruzeiro localiza-se no Largo da Misericórdia e está assente num patim com um degrau, apresentando uma base de forma quadrangular. Na face norte, encontra-se a inscrição 1690, que se refere à data da sua construção. A cruz é formada por duas vergas em cantaria entrecruzadas, formando uma cruz latina simples.
■ Igreja da Misericórdia
A Igreja da Misericórdia, antiga Capela do Espírito Santo, foi mandada construir pela Rainha D. Leonor, quem fundou a Santa Casa da Misericórdia de Óbidos no século XV. Situa-se no Largo da Misericórdia e sua arquitectura combina os estilos maneiristas e barroco. No exterior da igreja destaca-se o portal rematado por um nicho com a imagem da Virgem com o menino, realizada em cerâmica vidrada e pintada. Seu interior é de uma só nave revestida de azulejos do século XVII azuis e amarelos, nele se destacam um retábulo, obra de Manuel das Neves situado na capela-mor com duas grandes pinturas de André Reinoso que representam a Visitação da Virgem a Santa Isabel e o Pentecostes.
■ Museu Paroquial - Igreja de São João Baptista
A sua origem remonta a 1309 quando a Rainha Santa Isabel constrói neste lugar, outrora afastado da Vila, uma gafaria ou leprosaria com uma capela dedicada a São Vicente. Contudo, a configuração que ainda hoje apresenta resulta em grande parte das obras sofridas ao longo do século XVI, após a integração dos seus bens na Santa Casa da Misericórdia de Óbidos. O terramoto de 1755 terá afectado o templo, correspondendo a esse período a torre sineira e o actual retábulo da capela-mor, de talha rococó com uma tela representando São João Baptista.
■ Museu Municipal de Óbidos
O Museu Municipal de Óbidos situa-se na Praça de Santa Maria e está instalado no antigo edifício de Paços do Concelho. No museu se expõe numerosos restos arqueológicos e bem naturais e culturais recolhidos em toda a área do Concelho de Óbidos. A colecção testemunha a acção das colegiadas religiosas e o enriquecimento cultural marcado por encomendas a alguns dos maiores nomes da Arte Portuguesa. Destaca-se a colecção de pintura dos séculos XVI e XVII, onde constam obras de André Reinoso e Josefa d’Óbidos.
Nos arredores: podem visitar-se muitos lugares, capelas, igrejas e solares antigos, como o convento de S. Miguel das Gaeiras, ou o Santuário do Senhor Jesus da Pedra. Encontra-se situado na estrada que vai em direcção a Caldas da Rainha, fora das portas da cidade. Foi erguido no século XVIII e é um templo estilo barroco de planta hexagonal e interior de três naves, que se encontra coroado por uma pirâmide de telha vidrada. No interior destacam no seu altar-mor a imagem de pedra de Cristo Crucificado, obra de grande devoção.
A Lagoa de Óbidos é uma maravilha natural, onde se praticam quase todos os desportos aquáticos. É uma zona de praias de mar e lagoa das quais se destaca a do Rei Cortiço e de toda a falésia que se estende para sul. Ao nível turístico, a Lagoa oferece inúmeros atractivos naturais, quer à beira mar como no interior com a floresta de pinheiros.
Gastronomia
Podemos salientar como pratos típicos - caldeirada de peixe da Lagoa de Óbidos, enguias fritas e de ensopado; doces - trouxas de ovos e lampreias das Gaeiras, alcaides, pegadas e pasteis de Moura; fruta - maças e laranjas. A pera rocha como a mais qualificada fruta da Região Oeste atinge grande expressão na Região alta da Usseira, simultaneamente o maior centro de frio do País; vinhos e licores - graças ao seu reconhecido microclima, a região demarcada de Óbidos produz óptimos vinhos, dos quais se destacam os conhecidos vinhos de Gaeiras, assim como a ginja, cujo o licor se celebrizou como a bebida mais típica e tradicional de Óbidos.
Artesanato:
O artesanato está bem conservado, havendo ainda bastantes artesãos que ajudam a manter a tradição.
Olaria, cerâmica, verga em cerâmica, trabalhos em vime, miniaturas de moinhos de vento, latoaria pintada, trabalhos em teares manuais e bordados de Óbidos.
O artesanato está bem conservado, havendo ainda bastantes artesãos que ajudam a manter a tradição.
Olaria, cerâmica, verga em cerâmica, trabalhos em vime, miniaturas de moinhos de vento, latoaria pintada, trabalhos em teares manuais e bordados de Óbidos.
Os Bordados de Óbidos são uma arte com meio século de existência
Arabescos, pássaros, o castelo e a palavra Óbidos, bordados em tons de azul, rosa, salmão, verde, amarelo e castanho compõem os bordados de Óbidos. Criados em meados do século passado por uma obidense, nestes bordados são empregues os pontos pé de galo para o preenchimento e o ponto pé de flor para os contornos, sobre o linho branco, meio linho ou estopa. É com franja executada no tear manual ou ainda com bainha presa com os mesmos pontos que se empregam no trabalho que se terminam os bordados.
Oficina do Barro
A Oficina das Artes, também conhecida como Oficina de Barro, funciona há quase 17 anos e dá especial destaque à verguinha, um artesanato de origem italiana que se foi perdendo no tempo, até que Bordalo Pinheiro, numa das suas viagens o trouxe de volta a Portugal. Tradição da Vila de Óbidos, era uma arte em vias de extinção, mas as aulas com os formadores obidenses, José Correia e Melânia Correia (na altura era a única que desenvolvia este género de trabalho) permitiram que alguns alunos continuassem essa herança.
Eventos: Óbidos é bastante conhecida pelas iniciativas que chamam à vila milhares de visitantes ao longo de todo o ano. Como Óbidos Natal, Maio Barroco, Mercado Medieval, entre outros, sendo o mais famoso evento o Festival de Chocolate de Óbidos.
O seu labirinto de antigas ruas e vielas, conjuntamente com o Castelo, Monumentos, e a simpatia das suas gentes, tornam a Vila de Óbidos única e invulgar.
Óbidos, vila medieval, um autêntico museu, faz lembrar uma vila encantada, nunca me canso de percorrer as suas ruas a pé ou de charrete.
Cara Maria,
ResponderEliminarParabéns por esta reportagem muito completa da terra da pintora Josefa. Merece um subsídio ou um prémio das entidades que gerem o turismo!!!
Estou tentado a fazer um álbum com estas imagens e publicar no já seu conhecido espaço Só imagens. Talvez isso lhe traga aqui a este seu belo blog mais visitantes.
Beijos
João
Sempre Jovens
Olá Maria
ResponderEliminarQuando for a Portugal, certamente passarei por Óbidos...ADORO lugares cheios de histórias pra contar!!!
Beijinhos,
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com
Olá, Maria!!
ResponderEliminarVim lhe agradecer pela visita. Aproveitei para ver este seu espaço aqui... Que imagens!! Você que tirou essas fotos? Maravilhosas!
Sinto como se estivesse mesmo viajando. Parabéns pelos seus blogs! São lindos!
Bju!
Querida Maria,
ResponderEliminarTive a ousadia de copiar as imagens e formar um álbum que publiquei nos blogues Só imagens e Sempre Jovens e, neste, já há comentários.
Espero que os visitantes destes blogues fiquem a conhecer este seu espaço maravilhoso. Em breve farei novo album. O que é bom e tem valor deve ser conhecido.
Beijos
João
Do Miradouro
*
ResponderEliminarÓbidos
é lindissima,
,
brisas serenas,
,
*
Infelizmente, nunca visitei Óbidos.
ResponderEliminarMas as suas excelentes imagens são bem esclarecedores da sua grande beleza.
Saudações poéticas
Adoro visitar Óbidos (principalmente quando não há Feiras disto ou daquilo). Gosto de passear por suas ruas e cada vez descubro algo diferente.
ResponderEliminarA sua reportagem foi belíssima e muito completa. Espectacular!
Beijinhos.
Adorei!!!
ResponderEliminarO seu blog é mesmo uma espécie de "vá para fora cá dentro"! :) É extraordinária a informação q.b. ,as fotos bem ilucidativas da beleza de que nos fala e apetece mesmo fazer as malas, acredite!
Obrigada por partilhar as maravilhas do país!
Beijinho grande!
Maria, esse seu blog é uma viagem fantástica! É cultura. Tenho indicado aos amigos. Parabéns pelas suas belíssimas postagens.
ResponderEliminarbeijo
tais luso